O papel dos chefes, gestores e líderes é frequentemente debatido, porém, sempre é interessante lembrar que a chefia não é uma posição inata. As pessoas não nascem chefes! Todos os profissionais têm a possibilidade de se tornarem líderes em suas carreiras em algum momento, e é nesse momento que o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de habilidades se tornam essenciais.
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Recentemente, ocorreu uma demarcação mais clara entre os estilos de gestão. A diferenciação entre os papéis de CHEFE e LÍDER revela que estes termos possuem significados únicos, não sendo intercambiáveis. Enquanto um chefe retém responsabilidades e informações, muitas vezes negligenciando as vozes dos colaboradores e impondo exigências desproporcionais, um líder proporciona orientação construtiva, valoriza as nuances individuais da equipe, reconhece falhas e demonstra habilidade em escutar atentamente.
A fim de informar mais sobre o tema, conversei com Jamile Lima Pio, consultora de carreira e recursos humanos, para saber como contratar e desenvolver profissionais para serem líderes. Primeiro de tudo, é preciso entender o desafio que “é encontrar líderes que possuam uma bagagem profissional relevante, mas que também estejam dispostos a mergulhar no cenário da nova organização, compreendendo suas dores, potencialidades e oportunidades”. Jamile enfatiza que “é necessário conciliar a expertise externa com o que já existe na nova organização, respeitando suas conquistas e potencialidades, ao mesmo tempo em que traz inovação e novas soluções de maneira assertiva”.
Estratégia para contratar líderes
O caminho para a liderança começa com o reconhecimento de que a posição de chefe requer mais do que apenas autoridade. É um papel desafiador, que exige compreensão, empatia e habilidades de comunicação para inspirar e orientar uma equipe em direção aos objetivos comuns. Então qual seria a melhor estratégia: buscar líderes fora da empresa ou promover talentos internos? Segundo Jamile, “em alguns casos, é viável desenvolver um projeto de sucessão e trabalhar com as lideranças internas, enquanto em outros será necessário buscar gestores no mercado para, posteriormente, começar a preparar pessoas com potencial e interesse em assumir cargos de liderança. O ideal seria combinar contratações externas com promoções internas para aproveitar o melhor dessas possibilidades”.
O investimento no desenvolvimento pessoal e profissional é a chave para alcançar o sucesso na liderança, como participação em cursos, workshops e mentorias são maneiras valiosas de adquirir conhecimento e habilidades específicas para liderar de forma eficaz. Para a consultora de carreiras, existem algumas ações que podem ser oferecidas pela empresa, como “programas de mentorias, treinamentos para lideranças e um programa de sucessão que capacitava potenciais líderes. Esses recursos eram valorizados e bem recebidos pelas empresas”, exemplifica Jamile.
Outro ponto de extrema relevância está na necessidade de a empresa observar de perto seus colaboradores, identificando aqueles indivíduos com potencial para se tornarem líderes dentro da estrutura organizacional. Segundo a consultora, “avaliações de desempenho, a influência entre os pares e o alinhamento com os objetivos profissionais individuais” eram termômetros que davam uma direcionada. “Embora não houvesse uma fórmula mágica, a combinação desses três fatores geralmente nos proporcionava boas indicações de candidatos com potencial de liderança”, reforça Jamile.
Além disso, a liderança não se trata apenas de habilidades técnicas, mas também de inteligência emocional. Saber como lidar com emoções, tanto suas quanto as dos outros, é essencial para criar um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Uma vez na posição de chefe, é fundamental lembrar que a liderança é um processo contínuo de aprendizado e aprimoramento. O feedback dos membros da equipe é valioso para identificar áreas de melhoria e ajustar a abordagem de liderança conforme necessário.
A contratação e o desenvolvimento de gestores e líderes são desafios constantes para as empresas. Encontrar líderes com experiência e disponibilidade para se adaptar à nova organização, conciliando expertise externa com a realidade interna, é essencial. Além disso, é necessário equilibrar bons relacionamentos com lideranças e as demandas por resultados, combinando as perspectivas de chefe e líder. A chefia pode não vir pronta, mas com dedicação e empenho, qualquer profissional pode se tornar um líder inspirador e influente em sua área de atuação.