A nova moda do mercado de trabalho estadunidense é o termo “quiet quitting”. Quando me deparei, achei que era algo relacionado ao ato de se demitir, já que “quit” é um dos termos utilizados para demissão. Só que a tal nova expressão em inglês significa mais ou menos “fazer apenas o esperado”. Já ouviu aquelas frases da animação Mogli? “Somente o necessário. O extraordinário é demais.” Pois bem, “quiet quitting” seria meio que isso. Jogue a expressão no TikTok e veja os milhões de resultados sobre o tema e muitos vídeos ensinando essa “prática”. 

“Fechar seu laptop às 17h. Fazer apenas suas tarefas atribuídas. Passar mais tempo com a família. Estes são apenas alguns dos exemplos comuns usados ​​para definir a mais recente tendência no local de trabalho de ‘desistência silenciosa'”, dessa maneira que o artigo do site KANW resumiu o novo comportamento. A partir dessa publicação, alguns profissionais deram suas contribuições sobre a nova prática(?).

Nos EUA, o fenômeno está sendo atribuído a geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010) e alguns comunicadores estão acusando toda uma faixa etária de preguiçosa, pois afirmam que os “jovens” não têm compromisso com o mercado de trabalho. Segundo artigo do Wall Street Journal, “todas as gerações que entram no mercado de trabalho e percebem rapidamente que ter um emprego não é apenas diversão e jogos. Lidar com chefes desprezíveis e  mesquinhos que sempre foram infligidas às fileiras dos trabalhadores forçados nunca foi fácil. E muitas pessoas que dizem, quando jovens, que não se importam em subir a escada corporativa, acabam mudando de ideia”. Será que esse comportamento se refere a toda uma geração? Ou apenas àqueles que estão adentrando o mercado de trabalho? Ou ainda uma mudança de paradigma?

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Preguiça ou tendência?

Aqui no Brasil, esse fenômeno não é novo. Conhecemos alguém ou já experienciamos esse tipo de comportamento profissional há tempos e fazer o mínimo não é lá muita novidade. Muitas vezes, quando se sentem desmotivados, os funcionários passam a diminuir as atividades e não dar aquele gás que a chefia espera. Essa tendência, e vinda dos Estados Unidos, pode ser vista como uma nova visão em relação ao trabalho, já que o mercado norte-americano dita alguns movimentos laborais. Se por um lado, muitas vagas de emprego pedem colaboradores que vistam a camisa, com esse “novo modelo”, a aposta é “simplesmente o fato de colocar limites no ambiente de trabalho”, como pontuou no Twitter @bacharela_. Seria essa a estratégia para evitar o Burnout? Ou as pessoas andam tão desmotivadas que não existe mais o “brilho nos olhos” nas relações trabalhistas?

Um artigo do NY Times foi mais além. “Muitas pessoas ficam perplexas: por que você precisa de um termo para descrever algo tão comum como ir trabalhar e fazer seu trabalho, mesmo que não seja bem? Algumas pessoas se sentem validadas por nunca ‘levantar a mão’ no trabalho, ou julgadas porque na verdade gostam de fazer mais do que esperado”. Ainda segundo o artigo, alguns profissionais em desenvolvimento de carreira se preocupam com o quiet quitting”: “Você trabalha quatro, cinco, seis, às vezes sete dias por semana. Não há coisa mais triste do que desperdiçar todo esse tempo em sua vida tentando não aproveitar e se envolver e se entusiasmar com o trabalho que você está fazendo”, pontuou Matt Spielman, coach de carreira e autor do livro “Inflection Points: How to Work and Live With Purpose”.

Se essa “moda” vai pegar ou se vai ser um fenômeno associado a uma faixa etária de trabalhadores, ainda não sabemos. É importante acompanhar essas mudanças de comportamento para medir como estão as relações profissionais e as mudanças laborais.

Fontes:

Wikipedia: Quiet quitting

If Your Co-Workers Are ‘Quiet Quitting,’ Here’s What That Means

Who Is Quiet Quitting For?

What is ‘quiet quitting,’ and how it may be a misnomer for setting boundaries at work