Em 2020, no pico da pandemia do Coronavírus, eu fiz um texto sobre a questão dos impactos do alastramento da doença e a relação com o uso de internet. Intitulado “A relação delicada entre Redes Sociais e Saúde Mental”, o post surgiu a partir do estudo do Royal Society for Public Health, do Reino Unido. De lá para cá, muitas outras pesquisas foram feitas e também foi investigado os impactos no comportamento dos brasileiros e alguns dados alarmantes chamaram a atenção de estudiosos. Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior número de casos de depressão na América Latina, totalizando 11,5 milhões de pessoas. Além de estar no topo do ranking mundial como país mais ansioso, com cerca de 19 milhões de pessoas diagnosticadas com transtorno de ansiedade. Claro que os problemas dos brasileiros não são apenas decorrentes do uso indiscriminado de Internet, como tem a ver também com grandes desigualdades sociais, instabilidades econômicas e políticas. Mas como será que está a relação do Brasil com o uso das redes sociais?
O DataFolha fez levantamento com brasileiros de mais de 16 anos e obteve 2.098 respostas dentre as quais se destacam que 79% dos entrevistados acreditam que as redes sociais podem contribuir para aumentar os problemas de saúde mental. Intitulado Saúde Mental dos Brasileiros 2022, o estudo traz informações importantes: 26% dos participantes afirmam que se sentem cobrados a manter uma atividade constante nas redes sociais. Esses dados podem ser base para teorias sobre os malefícios do uso continuo e, quase, viciante das redes sociais. Ainda referente ao mesmo estudo, 84% dos pesquisados consideram que os haters podem influenciar no crescimento do nível de suicídio na sociedade. Mas qual seria a saída?
Redes sociais são mais viciantes que cigarro e álcool
Primeiro de tudo, é bem necessário avaliar quanto tempo a pessoa passa conectada às redes sociais. Cada indíviduo pode definir períodos ou horários fixos para acessar as plataformas digitais. Os próprios celulares ou aplicativos possuem ferramentas que monitoram e alertam aos usuários a quantidade de tempo navegando nas redes sociais. Porém os algoritmos são criados para manterem as pessoas dentro da rede e compartilhando informações sem sair. Por que você acha que o Instagram não possui links externos? Nesse ambiente virtual se criou um espaço em que os usuários podem passar horas consumindo fotos, vídeos, stories, com características para o vício. O estudo apresentado pela Royal Society for Public Health sobre as redes sociais, descrevem-nas como mais viciante do que os cigarros e álcool.
Além disso, uma pandemia que durou quase dois anos de isolamento também causou uma migração para o mundo on-line. Segundo a psicóloga Ana Belén Medialdea, para o El País, “esta pandemia nos virtualizou, pois sem outro remédio tivemos que aprender a nos relacionar, a nos adaptar ao teletrabalho, às aulas on-line, às consultas médicas à distância… WhatsApp, Instagram, TikTok e Twitter viraram um prolongamento da nossa vida real, o modo inevitável de nos relacionarmos”. Assim como dados já apresentado em pesquisas, a terapeuta confirma que a estrutura das redes sociais é feita para ser viciante. “O feedback positivo faz que nosso cérebro libere endorfinas – essas substâncias químicas encarregadas de produzir nosso bem-estar-, então associamos o reforço positivo às sensações agradáveis que sentimos ao receber esse estímulo, que, por sua vez, se torna aditivo”, explica Medialdea. Mesmo que as redes sejam criadas para manter as pessoas as utilizando durante muito tempo, 38% das pessoas do estudo do Datafolha afirmam sentir medo de serem julgados pelo conteúdo postado nas redes sociais.
Com isso, um grande desafio é criar uma relação saudável nas redes sociais, já que as próprias plataformas são feitas para gerar vício. Mas como diminuir a dependências das redes sociais?
- Defina horários para navegar pela internet;
- Desinstale, desative suas redes temporariamente ou deixe deslogadas;
- Aproveite momentos off-line e longe do celular;
- Se você trabalha com internet (como eu), separe suas redes pessoais e profissionais;
- Desligue as notificações dos aplicativos (você vai sentir a diferença).
Qualquer problema que esteja passando, sentindo-se ansioso, depressivo ou alguma outra angústia, procure profissionais especializados em saúde mental.
Fontes: