“Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”.  A célebre frase atribuída a Confúcio reflete o desejo de muitas pessoas. Porém, trabalhar com o que gostamos não é tão simples. Você já se perguntou por que acorda cedo todos os dias e vai para o emprego? Por que você faz o que faz? É muito comum que a resposta a essas perguntas inclua apenas o salário e as contas a pagar. 

Svend Brinkmann, filósofo e professor da Universidade de Aalborg, na Dinamarca, explica que não há problema em ser produtivo e adquirir novas competências para trabalhar melhor, pois todos nós queremos ter um emprego e contribuir para o progresso. O problema é que a cultura do aumento da produtividade tem uma consequência paradoxal: deixa as pessoas cansadas e tristes, o que as torna menos criativas e menos eficientes.

Existe ainda uma nova geração que, inspirada em carreiras meteóricas, busca um crescimento acelerado e possui expectativas de conquistas em curtíssimo prazo. Alguns jovens têm dificuldade para encontrar satisfação em meio à burocracia e às metas de longo prazo que constituem parte do processo de trabalho nas instituições.

Sentir-se insatisfeito com a profissão é mais comum do que imaginamos. Uma das primeiras soluções pensadas nesses casos é a mudança de emprego ou cargo. Mas em tempos de insegurança e crise econômica e no País, essa não é tarefa das mais fáceis e além disso pode não ser a saída ideal.  Zygmunt Bauman afirma que “a alternativa à insegurança não é a bênção da tranqüilidade, mas a maldição do tédio”. Como, então, buscar satisfação na vida profissional e superar a insegurança e o tédio?

É preciso buscar além da boa remuneração e seguir o caminho oposto ao da passividade ou do conformismo. Encontrar aquilo que podemos concretizar por meio do nossos talentos e habilidades é encontrar também um fio condutor para nossos esforços. Entender o que é relevante para nós é determinante para identificar qual é o nosso propósito.

Propósito é o que dá sentido para nossas vidas e nos move adiante. No trabalho, é a sensação de ver sentido na função que se tem, no que se faz. É aquilo que nos faz acordar mais motivados para ir trabalhar, não só pela remuneração mas porque sentimos que fazemos diferença na nossa vida e na de outras pessoas. É o que promove engajamento e estimula a criatividade, a inovação e o comprometimento com o trabalho – Mas, sem fantasias! Porque os problemas e as situações desagradáveis acontecem em qualquer espaço.

O propósito não é algo estático nem é uma atividade em si. Ele evolui ao longo da vida  e pode ser aplicado de diferentes maneiras – uma delas é a atividade profissional. O processo de descoberta do propósito é longo, pessoal e requer esforço. Mas vale a pena! Encontrar sentido naquilo que fazemos traz diversos benefícios para além de uma carreira com mais satisfação e este processo de autoconhecimento pode se ramificar para diversos aspectos da vida.

A psicóloga e publicitária Livia Jácome debate a relação entre trabalho e propósito, bem como os desafios e possibilidades para soluções profissionais  no âmbito social e individual.

(texto por June Scafuto)

Roda de Conversa: Trabalho e Propósito – como trilhar seu caminho de satisfação profissional

Data e horário: 19 de outubro de 2019, 09h30-12h

Local: Clínica de Psicologia Analyzer – Brasília, DF

Evento Gratuito