Alguns comportamentos da nova geração no mercado de trabalho têm chamado a atenção de especialistas. Recentemente, o termo Quiet Quitting ficou conhecido e trouxe análises de estudiosos. Agora outro comportamento tem sido alvo de análises e debates sobre os jovens: o QuitTok! O termo “QuitTok” tem chamado a atenção dos especialistas e gerado debates sobre o comportamento da nova geração no mercado de trabalho e refere-se aos vídeos postados no Instagram e TikTok de trabalhadores que filmam e comemoram suas demissões, utilizando a hashtag #QuitTok.
Embora a prática possa parecer estranha, ela vem ganhando popularidade nos Estados Unidos, com milhões de visualizações no Tik Tok, por exemplo. Esses jovens decidem sair dos empregos por diferentes motivos, como condições de trabalho opressoras e desigualdades salariais. A pandemia e as novas condições de trabalho são apontadas como fatores que levam os trabalhadores a priorizarem a saúde mental e a felicidade, optando por ambientes de trabalho positivos.
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Até mesmo líderes de grandes empresas estão aderindo às manifestações públicas de demissão, como Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter, que em novembro publicou na plataforma: “Não sei se alguém já ficou sabendo, mas eu pedi demissão do Twitter”, seguido de um e-mail que terminava com: “P.S., estou tuitando este e-mail. Meu único desejo é que o Twitter seja a empresa mais transparente do mundo. Oi, mãe!”.
Jovens estão deixando seus empregos por diversos motivos, como Gabby Ianniello, que decidiu sair do ramo imobiliário por conta do desconforto causado pelo uso de sapatos de salto alto. Ou Tiffany Knighten que deixou seu cargo depois de descobrir que um colega com a mesma posição ganhava 10 mil dólares a mais por ano do que ela, segundo informações do site Canaltech. A saúde mental afetada pela pandemia e as novas condições de trabalho têm sido fatores significativos nessa tendência. “As pessoas estão frustradas, exaustas e em estado de alerta. Quando as pessoas estão em alerta, você percebe respostas de luta ou fuga. Esse é um exemplo de resposta de luta”, afirmou observou J.T. O’Donnell, fundadora da plataforma de coaching de carreira Work It Daily, para Canaltech.
No ano passado, um vídeo viralizou mostrando funcionários do McDonald’s do Reino Unido deixando seus empregos durante o expediente e agora o TikTok está cheio de usuários compartilhando imagens em tempo real do momento em que dizem aos seus chefes “Eu me demito”. Esses vídeos estão atraindo milhares – e às vezes milhões – de visualizações nas redes sociais, segundo a BBC. Recentemente, uma ex-funcionária do governo australiano, Christina Zumbo, compartilhou o momento em que enviou e-mail de demissão e esperou ansiosamente por uma videochamada com o chefe.
Os jovens millennials e da geração Z cresceram vendo seus pais lutando em empregos corporativos, alguns deles enfrentando dívidas e trabalhos mal remunerados. Além disso, muitos desses jovens tiveram suas primeiras experiências de trabalho moldadas pela pandemia da Covid-19, sendo que alguns nunca estiveram em um escritório antes. Esses fatores combinados estão levando os trabalhadores da geração Z a priorizarem sua saúde mental, felicidade e ambientes de trabalho positivos. Consequentemente, eles veem o conteúdo que retrata pessoas deixando “ambientes tóxicos” e enfrentando chefes injustos como profundamente inspirador.
Desde a pandemia da Covid-19, jovens têm dado prioridade a uma grande mudança no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Para muitos, é importante assumir o controle de suas próprias vidas e seguir um caminho desejado, ao invés de se prender a empregos insatisfatórios com poucas aspirações. Sendo assim, a decisão de compartilhar vídeos pedindo demissão ou sendo demitido de um emprego, tem sido essencial para demonstrar que a felicidade é uma responsabilidade individual, que cada um é responsável pelas escolhas que faz.
As implicações de longo prazo de deixar o emprego ao vivo e postar vídeos nas redes sociais ainda não estão completamente claras. Não há como prever como essas postagens podem afetar oportunidades de carreira futuras ou como possíveis recrutadores irão avaliar trabalhadores que expuseram esse momento. No entanto, a geração Z tende a priorizar valores como saúde mental, felicidade e ambientes de trabalho positivos, o que torna o QuitTok um movimento aspiracional para muitos jovens. Apesar de ainda ser uma tendência em evolução, acredita-se que a #QuitTok possa encorajar a transparência no mundo corporativo.
Fontes:
QuitTok? A moda agora é comemorar berrando a demissão em redes sociais